Acalásia do esôfago


Dr. Daniel Coelho 

Cirurgião do aparelho digestivo 


CRM-RN: 15270

RQE: 22897

Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD)

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM)

International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders (IFSO) member


O que é acalásia de esôfago? Como é tratatada?

 

Acalásia do esôfago


A acalásia do esôfago, também conhecida como acalásia, é um distúrbio raro do sistema digestivo que afeta o esôfago, o tubo muscular que transporta alimentos da boca para o estômago. É caracterizada por uma disfunção na capacidade de relaxamento do esfíncter esofágico inferior (EEI) e na peristalse, que é o movimento coordenado dos músculos do esôfago para impulsionar os alimentos em direção ao estômago.

Normalmente, quando você engole alimentos, o EEI relaxa para permitir a passagem do alimento para o estômago. Na acalásia, no entanto, o EEI não relaxa adequadamente e permanece contraído, o que causa uma obstrução parcial ou completa na passagem dos alimentos. Além disso, os músculos do esôfago não funcionam corretamente, resultando em uma perda da capacidade de impulsionar o alimento em direção ao estômago.

Os sintomas da acalásia do esôfago podem incluir dificuldade em engolir alimentos, sensação de obstrução ou dor no peito durante a alimentação, regurgitação de alimentos não digeridos, perda de peso e azia. Esses sintomas podem piorar ao longo do tempo.

A causa exata da acalásia do esôfago ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que seja resultado de uma disfunção dos nervos que controlam os movimentos do esôfago. Pode haver também um componente autoimune envolvido, no qual o sistema imunológico erroneamente ataca as células do esôfago.

O diagnóstico da acalásia geralmente envolve uma combinação de histórico clínico, exame físico, exames de imagem, como a radiografia contrastada do esôfago e o esofagograma, e exames especializados, como a manometria esofágica, que mede a pressão muscular no esôfago.

O tratamento da acalásia do esôfago tem como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a função do esôfago. As opções de tratamento podem incluir medicamentos para relaxar o EEI, procedimentos endoscópicos para dilatar ou cortar o EEI, e cirurgia para remover ou modificar o EEI. O tratamento específico depende das características do caso e da preferência do paciente.

É importante destacar que a acalásia do esôfago é uma condição crônica, mas o tratamento adequado pode ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. O acompanhamento médico regular é essencial para monitorar a progressão da doença e ajustar o tratamento, se necessário.



Tratamento cirúrgico da acalásia:


O tratamento cirúrgico é uma opção para o tratamento da acalásia esofágica, muitas diretrizes clínicas apontam para a cirurgia como o tratamento primário para acalásia por apresentar alta taxa de eficácia com melhora prolongada dos sintomas. Infelizmente, não cura a doença em si, oferecendo um tratamento sintomático por tempo muito prolongado. Novas intervenções num futuro ainda podem ser necessárias. 

Existem diferentes tipos de procedimentos cirúrgicos utilizados para tratar a acalásia do esôfago. O principal deles é a cardiomiotomia à Heller videolaparoscópica.

A cardiomiotomia à Heller videolaparoscópica é um procedimento em que o músculo do esfíncter esofágico inferior (EEI) é totalmente cortado para aliviar a obstrução e melhorar o fluxo de alimentos através do esôfago. Durante a cirurgia, o cirurgião faz uma incisão no esôfago próximo ao EEI e realiza o corte do músculo. Geralmente, a miotomia a Heller é combinada com uma válvula anti-refluxo para assim, diminuir as chancer do paciente apresentar sintomas de refluxo no pós-operatório, visto que o esfíncter esofágico inferior que é cortado tem função de conter o ácido do estômago evitando o refluxo para o esôfago.

A cirurgia é realizada por videolaparoscopia, assim, nesse procedimento, pequenas incisões são feitas no abdômen, através das quais instrumentos cirúrgicos e uma câmera são inseridos. A abordagem laparoscópica geralmente oferece uma recuperação mais rápida e menos complicações em comparação com a cirurgia aberta.

O objetivo é melhorar o esvaziamento do esôfago, permitindo que os alimentos passem mais facilmente para o estômago. Após a cirurgia, pode ser necessário adotar uma dieta modificada temporariamente para permitir que o esôfago se recupere adequadamente.

É importante mencionar que a cirurgia pode ter riscos e complicações, como infecção, sangramento, perfuração do esôfago ou complicações respiratórias. É fundamental discutir os benefícios, riscos e opções de tratamento com o médico para tomar uma decisão informada sobre o tratamento cirúrgico da acalásia esofágica.


Exames que podem ser necessários na avaliação de acalásia:


Endoscopia digestiva alta

Tomografia computadorizada de tórax

Esofagograma ou Seriografia (Rx contrastado de esôfago, estômago e duodeno)

Esofagomanometria

Phmetria

Colonoscopia

Sorologia para doença de Chagas


Conclusões:

Se você tem sente o alimento trancando ao engolir, você deve fazer uma avaliação médica porque pode ser tratar de uma acalásia. Como você pode perceber pelo texto acima, a acalásia é um doença incomum, porém pode afetar significativamente a vida da pessoa, impedindo a mesma de se alimentar de forma adequada. Existem várias opções terapêuticas e essas devem ser discutidas com o médico quanto a vantagens e desvantagens. 

Referências bibliográficas: