Obesidade - como se ganha peso e como tratar


Obesidade - Como se ganha peso e como tratar

Todos tem conhecimento que a obesidade é uma epidemia e pessoas com problemas com excesso de peso vemos todos os dias, seja nós mesmo, seja nossos familiares ou amigos, seja no nosso convívio social. Infelizmente, muitas pessoas não reconhecem a obesidade como uma doença, dessa forma, não buscam tratamento e vão adoecendo cada vez mais ao longo do tempo. O aumento da quantidade de tecido adiposo no organismo (chamamos de adiposidade) tem várias causas, mas os principais fatores são a genética e as mudanças alimentares e de atividade física causada pelo estilo de vida moderno. Na prática, comemos alimentos com excesso de calorias e nos exercitamos pouco, nosso código genético não é preparado para isso, assim acontece o aumento de peso, na maioria das vezes, gradual ao longo de bastante tempo. A compreensão sobre alimentos com excessos de calorias e um estilo de vida sedentário tem levado a equívocos. Muitos pensam que o controle do peso é algo facilmente alcançável e que está nas mãos de qualquer um, bastando para isso o indivíduo começar a se exercitar e se alimentar de forma adequada. Estudos clínicos demonstram a pouca eficácia (infelizmente) dessas estratégias. Apesar de ser de pouca eficácia na perda de peso, exercícios físicos e alimentação saudável devem ser metas buscadas por todos e os profissionais de saúde que devem incansavelmente trabalhar junto com os pacientes estimulando bons hábitos de saúde. Essa estratégia é de baixo custo e melhora de forma global a saúde e traz maior qualidade de vida. Infelizmente, muitos pacientes passam a vida tentando dietas e atividade física sem sucesso. Complexos mecanismos neuro-hormonais levam a essa falha na perda de peso, apesar de toda a dedicação e força de vontade do indivíduo. Extensa literatura médica tem pesquisado os motivos desse insucesso que muitos pacientes tem na perda de peso, porém essas pesquisas ainda não levaram a nenhuma solução para o problema e todo o ano, uma quantidade muito grande de pessoas tenta com muito esforço perder peso sem conseguir. O endocrinologista é o especialista médico que avalia alterações hormonais e causas possíveis para a obesidade, infelizmente, diferente do que muita gente pensa, a maioria dos pacientes que tem dificuldade de perder peso não tem uma causa única e clara identificável e tratável e sim, o cenário mais comum apresentado no início desse texto (aumento gradual de peso associado a alimentos com qualidade e quantidade ruins e hábitos de vida sedentários). Além disso, muitas medicações modernas tem surgido para ajudar na perda de peso. Essas medicações ainda são uma esperança, numa extensa luta contra o peso. Infelizmente, novas medicações são caras e pouco disponíveis para a maior parte da população e, além disso, por serem medicações novas, podem ter efeitos adversos no organismo raros e ainda não bem estudados. De qualquer forma, medicações costumam ter o inconveniente dos indivíduos reganharem peso após a parada do uso. Essa saga da busca por dietas, exercícios, medicações e, na maioria das vezes, insucesso é conhecida bem pelos pacientes que buscam a cirurgia bariátrica como forma de tratamento para sua obesidade. Muitos pacientes chegam desesperançosos e cansados, com sensação de fracasso por múltiplas tentativas infrutíferas. A pior sensação, certamente, é ter tentado de tudo, porém com outros o julgando como tendo "falta de força de vontade". Certamente, temos que parar com esse comportamento como sociedade. Urge que se compreenda melhor a doença obesidade e se acabe com o preconceito. Temos por volta de 650 milhões de pessoas no mundo hoje com obesidade. Uma grande parte dessas pessoas já tentou resolver seu problema de obesidade. Muitas já buscaram os mais variados tratamentos, desde chás, plantas, shakes, dietas de todo o tipo, exercícios, terapias alternativas, muitas consultas com profissionais e muitas medicações, porém sem sucesso. A obesidade é uma doença crônica, porém precisa ser tratada de forma precoce e a sociedade como um todo precisa participar de decisões que permitam melhores condições de vida saudável. Quanto mais precoce a obesidade for tratada, maiores as chances de melhora do quadro clínico e menores os riscos das doenças crônicas que aparecem com o passar do tempo devido a obesidade. 

A cirurgia bariátrica mudou de forma substancial o tratamento da obesidade mórbida nos últimos anos. Infelizmente, o número de pacientes que acabam se submetendo a cirurgia é muito pequeno. A cirurgia bariátrica tem salvado muitas vidas ao redor do mundo, assim como tem contribuindo de forma significativa para a qualidade de vida de milhares de pessoas em vários países. Apesar disso, um número pequeno de pacientes que tem indicação de realizar a cirurgia acabam de fato se submetendo ao procedimento. Vários aspectos contribuem para isso como dificuldade de acesso a médicos e exames, dúvidas do paciente quanto a eficácia dos procedimentos ou quanto a segurança dos procedimentos, falta de aconselhamento médico a respeito desse tipo de tratamento, crenças pessoas sobre cirurgia ou impressões equivocadas passadas por pessoas da comunidade ou resultados ruins de algum paciente que realizou o procedimento no passado. Hoje a cirurgia bariátrica tem sido considerado um procedimento muito seguro, com taxas de complicação que se comparam a outras cirurgias tradicionais como uma colecistectomia (retirada da vesícula biliar). Enquanto mais doente o paciente estiver, maiores os riscos, porém as doenças crônicas associadas à obesidade como o diabetes e a pressão alta pioram progressivamente, aumentando esse risco ao longo do tempo. A melhor decisão é aquela compartilhada com o médico, em que o paciente tem informação sobre a doença e sobre as opções de tratamento. Sugiro a busca de informações em sites confiáveis como o da Sociedade brasileira de cirurgia bariátrica e metabólica que você pode encontrar no endereço eletrônico: https://www.sbcbm.org.br      

Afinal, quem pode ou deve fazer cirurgia bariátrica?


Segundo as resoluções do Conselho Federal de Medicina:

1)  Pacientes com IMC entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2 e diagnóstico definido de diabetes tipo 2 a menos de 10 anos; idade mínima de 30 anos e máxima de 70 anos; apresentar refração comprovada ao tratamento clínico; e não possuir contraindicações para o procedimento cirúrgico proposto.

2) Pacientes com IMC entre 35 kg/m2 e 39,9  kg/m2  e alguma dessas comorbidades:  diabetes, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares  incluindo  doença  arterial  coronariana,  infarto  do miocárdio   (IM),   angina,   insuficiência   cardíaca   congestiva   (ICC),   acidente   vascular cerebral,   hipertensão   e   fibrilação   atrial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonale e síndrome da hipoventilação, asma grave não controlada, osteoartroses, hérnias discais, refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica, colecistopatia calculosa, pancreatites agudas de repetição, esteatose hepática, incontinência urinária de esforço na mulher, infertilidade masculina e feminina, disfunção erétil, síndrome dos ovários policísticos, veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebri), estigmatização social e depressão.

3) Pacientes com IMC maior ou igual a 40  kg/m2 

Cálculo do IMC

Quer calcular seu IMC e ver se você tem indicação de cirurgia bariátrica

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Imagem ilustrativa da epidemia de obesidade no mundo hoje

Cirurgia de obesidade mórbida